Mais uma entrevista de Luiz Carlos Molion ao Jornal de Londrina.
Pesquisador alerta para uma nova era glacial
Luiz Carlos Molion diz também que CO2 não polui o ambiente, mas defende preservação
Na contramão da teoria do aquecimento global, o pesquisador da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Baldiceri Molion, defende que a Terra está entrando em uma nova era glacial, que o CO2 não é poluente e que a ação do homem nada interfere no clima global. Mas alerta: a preservação do meio ambiente é fundamental para a sobrevivência do homem no Planeta.
Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, Molion afirma que suas colocações são fundadas em dados científicos.
“O esfriamento-aquecimento se repete a cada 25-30 anos, perfazendo um período da ordem de 60 anos, aproximadamente. Tempo suficientemente longo para as pessoas perderem a memória do que já aconteceu”, afirma. No início deste mês, Molion fez palestra na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e falou com a reportagem do JL.
JL – O aquecimento global não está ocorrendo?
Luiz Carlos Molion – O aquecimento global que é amplamente mencionado na mídia não está ocorrendo e não tem base científica sólida (...) Dados disponíveis nos últimos 10 anos, de períodos anteriores, mostram que existe uma probabilidade muito maior de haver um resfriamento global nos próximos 25 anos.
Como se explica esse processo de resfriamento?
Em resumo, o Sol está entrando no mínimo de atividade, que ocorre a cada 90 anos. Já aconteceu no início do século 19, entre 1790 e 1820; no início do século 20, entre 1910 e 1920; e agora no início do século 21 o Sol está entrando novamente no mínimo de atividade e com isso produz menos energia. Nós não sabemos ainda qual impacto isso vai ter, porque é a primeira vez, desde que temos satélites e toda parafernália espacial, que o Sol está entrando no seu mínimo de atividade.
Essa é a única causa de um possível resfriamento da Terra?
O segundo ponto é que o Oceano Pacífico está esfriando. Dados passados mostram que a última vez que isso ocorreu, entre 1947 e 1976, causou o resfriamento global e teve uma diminuição da temperatura bastante acentuada nas regiões fora dos Trópicos (...) manifestando-se particularmente por frequência maior de geadas e massas de ar polar. O ciclo do café em Londrina acabou em 1975 com essa geada, resultado do resfriamento do Pacífico. Em 1977 começou a aquecer de novo o Pacífico e esse aquecimento terminou em 1998. A partir de 1999 dados dos oceanos e da alta atmosfera mostram que estamos gradualmente indo para um período mais frio.
Então, podemos dizer que essa variação de temperatura é cíclica?
Não é cíclico porque implicaria em um período de retorno exato, é repetitivo. O esfriamento-aquecimento se repete a cada 25-30 anos, perfazendo um período da ordem de 60 anos, aproximadamente. Tempo suficientemente longo para as pessoas perderem a memória do que já aconteceu.
Os períodos frios ocorrem de quanto em quanto tempo?
A Terra passou por períodos frios no último um milhão de anos, foi submetida a nove glaciações. Cada era glacial dura cerca de cem mil anos. Então, em 90% de um milhão de anos, nós vivemos com clima mais frio do que hoje. Interrompendo essas eras glaciais, existem períodos mais quentes, chamados interglaciais, que duram entre 10 e 12 mil anos. Neste interglacial que estamos vivendo, estima-se que começou há 15 mil anos, portanto, nós já estamos jogando a prorrogação. É possível que nós já estejamos dentro de uma nova era glacial, só que vai levar 100 mil anos para a temperatura cair 8, 10 graus, não cai instantaneamente.
Como esse resfriamento vai se manifestar?
Vai se manifestar por uma frequência maior de geadas severas. Há plantios que precisam de frio, mas se ocorrer em estágio errado da planta, daí não produz nada – vide os argentinos que perderam 40% trigo na safra passada. Com geadas tardias, em outubro, novembro; primaveras mais turbulentas com maior intensidade de chuvas intensas, granizos, tornados e tempestades elétricas. Podemos ter uma redução de até 20% no número de dias com chuva durante o período seco, os períodos secos tendem a ficar mais secos.
Como explicar as geleiras derretendo? É um processo natural?
É natural e o derretimento é por baixo. São as correntes marinhas que levam mais calor e derrete o gelo flutuante que não aumenta o nível do mar. Nós não sabemos ao certo, temos medidas feitas por satélites, navios e bóias que mostram que as correntes estiveram mais ativas levando mais calor a partir de 1995, 1997. Então a água do oceano entra um pouco mais quente por baixo do gelo e vai derretendo. Isso pode estar ligado a um ciclo lunar de aproximadamente 19 anos – que não é ensinado na escola provavelmente de propósito – que mexe nas correntes marinhas e destrói muito o litoral. O ciclo da Lua teve seu máximo em 2005, 2006, e agora está retornando para o mínimo. Daqui mais 19 anos vai se repetir isso também. (...) Os dados mostraram que, nesse período começando em 1994 e 1995, as correntes marítimas que estavam entrando no Ártico estavam levando mais calor. Agora felizmente atingiu o máximo de degelo, em 2007; em 2008 já foi menor a área que derreteu e em 2009 já está melhor do que em 2005. Então agora a cobertura de gelo deve aumentar nos próximos anos. Isso no Ártico, porque na Antártida a medida de gelo está aumentando há 50 anos.
O fato de o Planeta estar passando por um resfriamento é uma notícia melhor do que a do aquecimento global?
É muito ruim porque a humanidade sempre se desenvolveu quando tivemos períodos de aquecimento. Vale lembrar que toda a historia da humanidade está registrada depois da última era glacial, que terminou há cerca de 12 mil anos. No resfriamento passado, entre 1947 e 1976, que foi crítico para a economia do Sul do País, com mudança radical na agricultura paranaense, o Sol estava em plena atividade. Mas provavelmente como ainda estava muito frio, não sabemos exatamente qual a causa disso, os oceanos estavam armazenando calor, o Sol estava bastante ativo. Agora este resfriamento do oceano que está sendo inibido desde 2002 e 2003 vai coincidir com este mínimo solar e pode ser que o resfriamento seja mais intenso do que foi entre 1947 e 1976.
Qual o papel do homem nas mudanças climáticas?
A mudança é global, então a interferência do homem é ínfima. O homem não influencia no clima global, mas tem influência no clima local. Ao transformar áreas – por exemplo, o que era Londrina 60, 70 anos atrás e o que é Londrina hoje – com desmatamento, urbanização, muda localmente o clima. Muda o microclima, mas não tem interferência na temperatura global e muito menos na chuva.
O que interfere?
Nós vivemos num planeta que tem 71% da sua superfície coberta por oceanos, então são os oceanos, juntamente com o Sol, que são os grandes controladores do clima global. O homem só interfere localmente, o homem tem grande poder de destruição local.
A interferência local não tem impacto na mudança global?
Não porque a superfície da Terra é constituída por 71% de oceanos e 29% de continentes. Desses 29%, 15% é constituído de desertos e geleiras. Então, metade dessa área continental é coberta de gelo e areia. Sobram 14%, dos quais 7%, felizmente, ainda é coberto por florestas nativas. Assim, o homem manipula apenas 7% da superfície global terrestre contra 71% de oceanos. Então, os oceanos são realmente os grandes controladores do clima. Os oceanos têm capacidade de estocar muito calor e dessa forma amenizar qualquer mudança rápida que viria a ocorrer. Então, localmente, sim, o homem tem grande capacidade de transformação do meio ambiente. Mas isso não chega a afetar o clima global.
Mas a necessidade de preservação do meio ambiente é inquestionável, certo?
Outro ponto importantíssimo é que não se deve confundir mudanças climáticas com conservação ambiental. A conservação é necessária para que a humanidade possa sobreviver. Mas isso é independente de aquecer ou esfriar. Então, a conservação ambiental é extremamente importante, qualquer coisa que venha a ser feita em termos de mudança de hábito do consumo, de energia, de matérias primas, evitar poluição.
O senhor afirma que é preciso evitar poluição, mas não CO2. Por que?
CO2 não é poluição. CO2 é o gás da vida. As plantas produzem seu alimento retirando o CO2 do ar e em presença de luz e água fazem fotossíntese. Essa imagem que está sendo vendida na mídia de que o CO2 é o grande vilão está totalmente errada. Quando você queima combustível fóssil como petróleo, carvão, está liberando dióxido de enxofre. Esse sim é poluente porque combina com a umidade do ar e produz gotículas de ácido sulfúrico, que uma vez inaladas, são muito ruins para vegetação e seres humanos.
Emissão de C02 não tem nenhuma relação com alteração climática, então?
CO2 não comanda o clima, essa idéia é totalmente errada. É claro que se não existe base científica que demonstre que está havendo aquecimento e que o CO2 seria a causa, então há outros interesses. Certamente esse assunto deixou de ser científico e virou meramente um assunto político e econômico. Provavelmente devam existir interesses por detrás, interesses complexos que a gente não sabe avaliar. Acho que só a história no futuro vai dizer.
Então o aquecimento global é uma orquestração dos países ricos?
É possível que isso seja algo comandado, principalmente, pelo G-7 (EUA, Alemanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão). São países falidos, que não têm recursos naturais, energéticos e estão perdendo uma hegemonia que tiveram durante mil anos. Parece que esses países não se sentem bem vendo países como Brasil, Rússia, Índia, China, despontando com tecnologia e, inquestionavelmente, quando você olha a geografia do mundo você vê que o Brasil têm grandes recursos naturais com um potencial enorme. Claro que não querem que isso aconteça.
Mas cientistas brasileiros também defendem a teoria do aquecimento global. Qual o interesse?
Alguns falam [em aquecimento global] por ignorância. Hoje todos entendem e falam sobre clima, ou pensam que entendem, mas tem muitos indivíduos que são muito bem treinados academicamente (...) Sendo do lado do aquecimento, ganha-se um computador novo, R$ 50 milhões de dólares, recurso para pesquisas.